Fabricação de espadas mantém viva história da Metalúrgica Eberle em Caxias do Sul
segunda-feira, 11 de março de 2013Uma dose do saudosismo de quem circulou nos corredores da Metalúrgica Eberle pode ser sentida na empresa fundada por um de seus antigos funcionários. Há sete anos, o engenheiro Eugenio Luiz Bastiani, 62 anos, adquiriu a seção de espadas da Eberle Mundial, então no bairro São Ciro, e fundou a própria empresa, a Sabresul, ao lado dos sócios Alberto Lazzari, 54, e Rosimar Antonio Gomes, 46.
As espadas são produzidas uma a uma, passando pelas mãos dos 10 funcionários — oito deles atuaram na Eberle, assim como os três sócios. Bastiani é um dos personagens de documentário sobre a memória do trabalho na Eberle, que será lançado dia 25.
As espadas produzidas abastecem as forças armadas de todo o país. Bastiani conta que é costume os padrinhos do militar o presentearem com a espada e o afilhado retribuir com uma miniatura. As versões pequenas também são fabricadas.
Bastiani começou no setor de laboratório, no prédio da Eberle na Sinimbu, conhecido como fábrica 1 e grande símbolo da metalúrgica em Caxias. Fazia análises químicas e físicas de elementos utilizados para banhar as peças. Os grandes professores foram os funcionários antigos, que o jovem aprendiz gostava de observar.
Quando iniciou, em 1969, sua única experiência era como cortador de pedras, atividade exercida em Monte Bérico. Em 1973, Bastiani passou a trabalhar na Metalúrgica Abramo Eberle SA (Maesa), onde supervisionou o processo fabril de talheres. Bastiani preferiu sair da Maesa em 1995, antes de ver a empresa fechar.
O documentário, com lançamento marcado para dia 25, resgata a memória do trabalho na Eberle. A película terá 26 minutos. A iniciativa é de oito pessoas que se conheceram no Programa de Pós-graduação em Bens Culturais da Faculdade de Inovação (Fai). O grupo teve a ideia a partir da convivência na instituição, que ocupa parte do prédio da antiga metalúrgica na Rua Sinimbu.
— Vimos o quanto o prédio estava deteriorado e pensamos em fazer algo para sensibilizar as pessoas do patrimônio industrial que há ali — conta a produtora cultural Elisabete Souza, 38 anos, proponente do projeto.
O filme, batizado de A Honra do Trabalho, reúne depoimentos de seis ex-funcionários, fotografias na cidade de Caxias do Sul e imagens de catálogos da época. Após o lançamento, o documentário será exibido nos dias 26 e 27 de março e 2 e 3 de abril, no Centro de Cultura Ordovás. O financiamento é via Lei de Incentivo à Cultura (Lic) municipal.
Fonte: Pioneiro
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